Descobri, que aquele em nome de quem ela tanto fala de maneira impropria não se encontra lá dentro, mas aqui fora, deitado nas calçadas frias das metrópoles, sujo de graxa enquanto trabalha nas fabricas, queimando-se no sol que bate na colheita dos campos, preso nas celas superlotadas dos nossos presídios, chorando de dor nos hospitais públicos sem recursos mínimos, sofrendo a rejeição da sociedade e até da família por ser homo afetivo ou ainda ganhando o pão de cada dia em seu trabalho noturno por meio da venda do seu próprio corpo.

A Dignidade ou valor intrínseco da pessoa humana é a fonte ética dos chamados ‘`direitos fundamentais”. Serve como seu principio regulador e como seu vetor hermenêutico. A origem da vida humana é o momento de eclosão desse feixe de reivindicações axiológicas. A definição desse instante não pode ocorrer em função de acidentes que se agregam a substância, mas da própria substância, que, em seu impulso vital de autodesenvolvimento, vai produzindo os acidentes. O ativismo judicial não pode, ignorando as normas vigentes e o conhecimento da natureza humana, fragilizar o valor da vida em seu estado inicial, mascarando tal ato com a retorica do “progresso cultural” . O presente livro, com participação de vários autores que foram orientados do organizador, apresenta a situação tensa existente sobre essa questão e uma defesa do valor da vida em suas varias dimensões (biológica, social, cultural, filosófica e jurídica).

Filipe N. Silva debruça-se sobre Adriano de forma original e libertária, sem descuidar do necessário domínio da documentação e da historiografia. O conhecimento de primeira mão da tradição textual e da cultura material substancia sua análise, algo indispensável em qualquer circunstância, tanto mais pela generalização, hoje, de narrativas pouco fundamentadas, como as fake news, mas não só elas. Abundam, também, tais discursos no âmbito intelectual, como atestam tantos gurus e seus seguidores. Em seguida, Filipe N. Silva aciona tanto historiografia ampla, variada, clássica e recente, como literatura multidisciplinar sobre a epistemologia do estudo da sociedade e do passado. Além disso, maneja a pena com maestria: claro, persuasivo e envolvente, o que torna sua leitura tão agradável, que as páginas se sucedem sem que se aperceba, e sem que se queira parar! Quem tiver a fortuna de ler esta obra, sairá mais instruído e feliz ao final, aberto ao outro e a si mesmo

Resultado da tradição oral dos primeiros crentes da era cristã, os apócrifos tornaram-se importantes documentos reveladores do modo como vivia e pensava uma grande parcela da cristandade, cuja voz ficou abafada pela igreja oficial. Produzidos para satisfazer as curiosidades populares a respeito da infância de Jesus e de seus pais, bem como estabelecer as raízes da nova religião, tais escritos revelam, por um lado, as idiossincrasias do pensamento e das práticas judaicas que marcaram a origem do cristianismo e, por outro lado, refletem a efervescente e plural cultura gentílica com a qual o cristianismo passou a lidar cotidianamente em seu processo de expansão.

Apesar do desafio, pude encontrar o tom pastoral e o cuidado de quem quer ensinar o que as Escrituras Sagradas de fato falam. E o Diego Nunes conseguiu fazer com que o texto do livro de Apocalipse de fato falasse de forma clara, sucinta, penetrante e amorosamente constrangedora. Ele conseguiu traduzir a essência do texto, coisa muito rara em nossos tempos. O tom pastoral não desmerece a obra, muito pelo contrário. Pude perceber que o texto não tem a finalidade de atender as exigências da academia e o alvo é o coração do membro das comunidades cristãs de língua portuguesa, ou em outras palavras, alcançar o coração e mente de gente que vive o cotidiano da igreja dia após dia.