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Os Deuses de Zizek: Indícios de uma teologia materialista

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ISBN 978-85-92509-71-2

Fé e religião são noções brutalmente colonizadas pelas configurações teológicas e espirituais do capitalismo contemporâneo. No horizonte do domínio avassalador da economia sobre as formas-de-vida, a retomada e liberação dos sentidos da fé e das experiências religiosas demandam uma compreensão profunda das lógicas religiosas e das narrativas teológicas implicadas no capitalismo hoje.
Agamben já sugeriu que para entendermos os acontecimentos psicopolíticos e econômicos da atualidade, é preciso tomar ao pé da letra a ideia de Walter Benjamin – inspirado em Ernst Bloch – segundo o qual o capitalismo é, realmente, uma religião, e a mais feroz, implacável e irracional religião que jamais existiu, porque não conhece nem redenção nem trégua. Ela celebra um culto ininterrupto cuja liturgia é o trabalho e cujo objeto cultual é o dinheiro. Segundo Benjamin, o capitalismo não representa apenas, como em Weber, uma secularização da fé protestante, mas ele próprio é, essencialmente, um fenômeno religioso, que se desenvolve em modo parasitário a partir do cristianismo. Como tal, como religião da modernidade, ele é definido por três característica: 1. É um religião cultual. Para Agamben, a mais extrema e absoluta que já existiu. 2. Produz culto permanente. É a celebração do culto “sans trêve et sans merci” – sem trégua e sem piedade. 3. O culto capitalista não está voltado para a redenção ou para a expiação da culpa, mas para a própria culpa.

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